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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

RESISTÊNCIA À MODA?


 Não me lembro muito bem o dia em que estive na Cidade Alta, mas sei que foi num fim de semana desses, literalmente num sábado. Assim sendo, fui a um encontro o qual acontecia uma vez por mês, no último sábado à tarde, no espaço cultural Bazarte (hoje extinto, por fazer parte de mandato de vereador, o qual, já não o pertence mais, graças a Deus) que ficava na rua Princesa Isabel. 

 Qual não foi a minha surpresa, quando cheguei ao calçadão da rua João Pessoa, no centro da Cidade Alta, deparo-me com um deserto de rua, digno de feriadão. Justamente como acontece nas grandes cidades do mundo, acima de tudo brasileira. Só que, não se tratava de nenhum feriado, era simplesmente uma rotina peculiar da minha cidade, sobre a qual eu não estava muito a par, após passar algum tempo ausente. Estávamos em dias de trivialidades eternas de cidades movidas pelo capital, com exceção da polis natalense que apesar de rimar com ele, (o capital) simplesmente não o cultua com o mesmo poder e ambição das demais metrópoles do mundo modernamente capitalista. 

            A Cidade Alta é um paraíso de cidade, digo isso, porque vivi dez anos em São Paulo e morei três meses no Rio de Janeiro. Todavia, se ela não entrar na onda dos “shoppings” da vida, vai terminar se transformando numa autêntica Ribeira e, dentre em breve, estarão a propagandear o novo slogan: “Revitalização da Cidade Alta”. 

            Afinal, pelo muito que se fez e se tem feito ou se faça pela Ribeira, afirmo que em nada mudará a cara ou a situação do centenário bairro. Que alarguem as suas ruas, que façam pavimentação ou drenem, ou construam mil pontes sobre o Potengi ligando-a à Zona Norte, ou que coloquem em cada esquina um shopping center, ainda assim ele (o Bairro) jamais deixará de ser a Ribeira. Porque a Ribeira foi o que foi e só é e será o que é pelo que está nos registros, através das fotografias, dos quadros belíssimos do pintor Pedro Grilo Neto, das crônicas e das histórias contadas por Câmara Cascudo, mormente nas brigas entre xareleiros e canguleiros. Aqui sim, é onde reside e irá residir a verdadeira Ribeira. 

          Se andar na Cidade Alta, em Natal, não se compara, nem de longe, se andar em qualquer subúrbio de São Paulo. Eis que, por aqui, em Natal, as ruas são vazias de camelôs e as poucas gentes que transitam, caminham numa paciência interminável de Jó, e até mesmo nos horários mais críticos está longe, muitíssimo distante desta (cidade) se comparar a Bangu, subúrbio do Rio de Janeiro, insuportável de caminhar ao sábado de manhã à tarde, isto é, lá pelos idos da década de oitenta.

          Aqui, sábado, à tarde, é hora de se lavar as lojas e as calçadas, e de se arrumar as coisas, os troços - como dizemos nós por aqui -, onde não se vendem nem se compram absolutamente nada.

          Natal se faz tão pacata, quanto o grande centro financeiro paulista, em sua avenida mais paulista de todas, em pleno período de feriadão. A Cidade Alta tem a cara da sua irmã centenária, a Ribeira; talvez, seja porque eles (bairros) ainda não aderiram à moda dos “shoppings” da vida, ou senão se achem, acredito, demasiadamente velhos para fazerem uma boa plástica, em colocarem um siliconezinho aqui, um botoxinho  ali, ou, uma lipozinha acolá?

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