ESTATÍSTICA DIÁRIA

ADMIRADORES DAS IDEIAS

sábado, 2 de setembro de 2023

 




APRESENTAÇÃO


Decorridos 35 anos, após o primeiro rebento poético, intitulado DENDROCLASTA, eis que, nasce agora, o seu filhote poético, com o nome de FAUNAFLORA EM POESIA. Nasce com ousadia, porque o tempo o fez assim, por assimilar de seu “pai”, o sonho, o afã, o conhecimento e a técnica do fazer poético. 

Assim sendo, o livro: FAUNAFLORA EM POESIA, vem recheado de estilos poéticos bastantes cultuados por poetas contemporâneos e de outrora; que vão dos clássicos aos modernistas. 

O leitor aguçado e sedento por estilos poéticos vai se deleitar, demasiadamente, com poemas em Versos Livres e com o estilo que, sequer, ouviu falar até então. Como é o exemplo do Estilo TRITROVIN, criado por este autor que vos escreve. 

O livro FAUNAFLORA EM POESIA está dividido em sete partes, que são os próprios Estilos Literários da nossa Literatura Universal. Assim sendo, ele, (o livro) abre com poemas em estilo Versos Livres, em torno de 25 poemas, inclusive com poesias já publicadas pelo seu “pai” DENDROCLASTA; depois, em Literatura de Cordel, somando um total de 10 poemas; na sequência, vem o estilo: Trovas, com 4 poemas; agora, seguido pelo novo Estilo Literário: Tritrovin, com 6 poemas inusitados, em estilos e em temáticas; segue, agora, o estilo Haicai, com 5 poesias e o estilo Haicai Guilhermino, com 3 poesias; e, por fim, o estilo Soneto, com 4 poemas. 

A palavra Faunaflora é uma junção de dois vocábulos: fauna e flora, mas que dá origem a um terceiro vocábulo que é aflorar, ou seja, um tipo de afloramento poético que tem como floresta, o próprio livro, repleto de plantas, animais, terras, céus, mares, mulheres, homens e amores.


   CCCXXXIV

E o beija-flor em êxtase, 

As asas, em comoção; 

Ante floreio da flor, 

Qual ave sem direção; 

Leve suave e lento, 

Como taciturno vento, 

Fundiu-se em Amor-canção...


O Pássaro Beijamores, 2018 - pág. 92.


Emecê Garcia




PREFÁCIO



Sejamos todos bem-vindos, a uma leitura agradável e convidativa, que ressoa como os cânticos dos pássaros, tal como uma melodia em cada versos e poesias pelo autor, recitados. 

Esta obra intitulada como FAUNAFLORA EM POESIA, tem uma característica muito peculiar, que reflete um encantamento, em forma de poesia, aos cuidados propostos às nossas faunas e floras, e às belezas de tudo que Deus criou. 

O autor, Emecê Garcia, revela com maestria e de maneira muito surpreendente, uma magnífica reflexão através de poemas, porém com extrema docilidade e naturalidade, em total consonância com a natureza sem perder as sinfonias e as sintonias das palavras, num comparativo muito salutar e poético. 

Em um mundo caótico e frenético, desapercebemos os valores iniciais que nos transmitem o real sentido da vida. FAUNAFLORA EM POESIA é um grito à natureza humana e às suas questões sócioculturais, pela perda da vitalidade das atenções com o nosso berço-mundo! 

A sutilidade e o silêncio a algumas questões têm nos deixado adormecidos, dissipando-nos de nossos melhores frutos e daquilo que poderíamos, realmente, germinar. Somos sementes do grande autor da existência (Deus) e, Ele, nos deu a vida e em abundância, e pediu-nos para que pudéssemos crescer e multiplicar. Sendo assim, propagadores e multiplicadores das boas sementes da vida. 

Deste modo, o autor nos dá uma ampla visão e reflexão, ao que tange as realidades poéticas de cada leitor; é uma diversidade aconchegante e singular, pois seus escritos nos abraçam, em suas variadas interpretações, tais como, as diversidades que a vida nos traz, a isso, creio que, posso entender, como sendo a Fauna e a Flora da vida. 

Sejamos homens-pássaros a entoar novas canções de vidas. 

E viva A FAUNAFLORA! E muitos vivas! Aos sentidos da vida!



Silmara Soraya é escritora e poetisa, 

Licenciatura em Letras e Técnica em Administração. 



A LENDA DO MICO-LEÃO-DOURADO 


I
Em outrora, quando a terra, 
Não era ainda esse mundo; 
Mas, o de Adão e Eva, 
Onde o Bem foi oriundo,
Eu era um Mico feliz,
Pois o amor foi fecundo.
II
Não havia nada imundo;
Nós, os bichos da floresta
Éramos uma família;
Para tudo era uma festa,
E a lua cheia, à noite,
Abrilhantava a seresta.
III
E a minha história atesta:
Eu vivo durante o dia;
Por cima das grandes árvores,
Meu grupo não se desvia;
Somos em oito animais...
E assim, a gente se cria.

IV
Para minha alegria,
Eu vivo até quinze anos;
Sou animal muito leve,
E lhe digo sem enganos;
Que não peso nem 1 Kg,
Pequeninos são meus manos.
V
Tudo está dentro dos planos:
Alimento-me das frutas;
Insetos, aves, lagartas,
Às vezes, fico nas grutas;
Adoro ovos fresquinhos,
Para conquistar, são lutas!
VI
E aqui não há disputas,
Tenho pelagem sedosa;
De uma cor alaranjada,
Dá-me posição garbosa;
Minha juba na cabeça,
Eita, vidinha gostosa!
VII
Tudo é poesia, prosa,
Às vezes, a pensar eu fico;
No nome belo que tenho,
Me sinto um animal rico;
Por ter a floresta toda
Porque eu sou esse Mico.
VIII
Mas, então eu justifico:
Eu era muito feliz;
Quando a gente era amigo,
Da serpente à perdiz;
Não havia desavença,
Pois não havia o triz...
IX
Afinal, que mal eu fiz?
Raposa abraçava o cão;
Cordeiro abraçava lobo,
Antílope com o leão;
Vivia ali, juntinho,
Como verdadeiro irmão.
X
Parece até maldição!
Tudo era só harmonia;
As coisas mudaram todas
E foi da noite pro dia;
Tão logo veio a desgraça,
E se deu grande agonia.
XI
Acabou-se a fantasia?
Os pais da humanidade;
Expulsos do paraíso,
Vejam a grande maldade!
Da humana criatura,
Nos deixou grande saudade.
XII
Digo com sinceridade:
Ficamos tristes demais;
No começo, foi difícil,
Desolados e sem paz;
A saída do casal,
Certamente, foi sagaz!
XIII
Foi o tal do anjo mal
Que disfarçado em serpente;
Levou a ingênua Eva,
Pra comer feito demente;
Aquela maçã maldita,
E Adão seguiu em frente.
XIV
Veja tudo atentamente:
O demônio é muito brabo!
Lúcifer é mentiroso,
Tem chifre, mau cheiro e rabo;
A cobra não é tão má,
Serpente não é diabo.
XV
E vou seguindo com garbo,
Tranquilmente e agora;
Mesmo sem Adão e Eva,
Como nos tempos de outrora;
Eis que surge de repente,
No éden, uma nova aurora...
XVI
Um ser, o mundo explora!
Uma horrenda criatura;
Distinto bicho da terra
É quasímodo figura;
De distante semelhança,
Tem quase nada de pura...
XVII
Bicho de média estatura,
Que todos animais somem;
Temerosos e assustados,
Os alimentos não comem;
Vendo o bípede ereto,
Parecendo com tal homem.
XVIII
E o bicho mesmo sem fome,
Prendia os animaizinhos;
Que via pela floresta,
E deixava nos caminhos;
A marca da violência,
Como sendo seus espinhos.
XIX
Oh, sentimentos mesquinhos!
Prendeu o pobre do jegue;
Jogou seu fardo por cima,
Não há justiça que pegue(?)
Matou o próprio irmão
E pelo mundo ele segue...
XX
Esse mal, a gente negue,
Pois, primeiro ele matou;
Por inveja, próprio sangue,
Depois, ele escravizou;
O seu ente semelhante,
E onde estava o amor?
XXI
Reinava então o horror?
Matou por necessidade?
Depois, pra ganhar dinheiro,
E assim foi, à extremidade;
Ao fazer por diversão,
O cúmulo da crueldade!
XXII
Essa é a humanidade:
Prendeu macaco, girafa;
O elefante, a baleia,
Como armadilha tarrafa;
Seu ódio sanguinolento,
É um licor de garrafa.
XXIII
A mente radiografa
Um futuro de riqueza;
Animais vão para o circo,
Para inocência beleza;
Nas capitais, as crianças
Cheias de riso e tristeza.
XXIV
Falando da realeza:
Quando o Leão era Rei;
Ninguém ousava prendê-lo,
As coisas mudaram, sei;
Já vi prenderem o macaco,
Aí, com medo fiquei.
XXV
Não mais respeitam a Lei.
Tô na juba do Leão;
A fugir das ameaças,
Aqui sinto proteção;
Eu cato os seus insetos,
Ele é meu amigão!
XXVI
- Olha, o Mico e o Leão!
Dizem os meus companheiros;
Que nos veem pela floresta,
Somos dois grandes parceiros;
Amigos dos animais,
Porque somos verdadeiros.
XXVII
O tempo passou ligeiro,
Aí, o homem morreu;
Que se chamava Caim,
O qual matou o irmão seu;
Filho de Adão e Eva,
Quando tudo sucedeu.
XXVIII
Eis o desfecho que deu:
Eu tirava uma soneca;
Na juba do meu amigo,
Sonhava que tava em Meca,
Vendo muita gente ali,
Todos jogando peteca!
XXIX
Porém, quem é que não peca?
Este foi o meu pecado;
Caí numa escuridão!
E logo fui acordado;
Da juba quente e macia.
Dali, eu fui retirado!
XXX
Era um barulho malvado!
Uma bagunça esquisita;
Meu amigo ruge alto,
Dando bem-vindo, à visita;
Mas, se engana quando vê,
A multidão parasita.
XXXI
Embaçadas nossas vistas,
Quando as luzes explodiram;
Numa jaula, cerca e grades;
Todos os bichos sumiram;
Só crianças e adultos, 
Foram eles quem nos viram.
XXXII
As crianças todas riram,
Quando saí assustado;
O Rei com cara de sono
Estava ator – doado;
As inocentes calavam;
Os adultos explicavam:
- É o Mico-leão-douraaaado!!!