Caríssimos amigos, infelizmente alguns acontecimentos de
quarta-feira para cá, me impediram de providenciar o processo de estudo sobre a
obra do escritor do mês. Entretanto, podemos iniciar agora, e tentarmos
conhecer um pouquinho sobre o amigo. O nome mais votado na enquete foi o de
EMECÊ GARCIA, pseudônimo do escritor Maurício Cardoso Garcia.
Informo que o DEBATE LITERÁRIO VIRTUAL de hoje, terá dois
momentos, agendados de acordo com a disponibilidade do escritor/poeta:
1º Momento: 18h às 19h
2º Momento: 22h às 23h
Segue, para apreciação dos amigos, o vídeo onde aparece o Emecê
Garcia, falando um pouco sobre ele.
Ozany Gomes - Boa noite, poetas e amigos! É um grande
prazer poder receber no Debate Literário Virtual, nosso confrade Emecê Garcia,
escritor que tem dado grandes contribuições para a literatura potiguar.
Agradeço ao amigo por ter aceito o convite para participar da enquete! Agradeço
também aos amigos e poetas que votaram em todos escritores participantes.
Ozany Gomes - Minha pergunta para Emecê Garcia é:
O que te motivou a abrir a Biblioteca Comunitária, na Comunidade do Japão,
bairro Redinha Velha, em Natal/RN?
Mauricio Garcia - (Muitos
Risos) Amiga minha, a princípio quero agradecer a sua perseverança e
determinação, por me convencer, como sempre. Mas, diminua seu aperreio. As
bibliotecas vieram contrapor com os clubes de futebol na comunidade. Futebol
nunca levou nenhum jovem aqui a ser profissional, porém as bibliotecas era um
reforço para as escolas. Não é Japão é África na Redinha.
Mauricio Garcia -
Ei, quem tá rolando pelo chão até agora sou eu, quase não consigo responder as
demais pessoas, pode!
Ozany Gomes Simmmm...e eu envergonhada até
agora...affff, já fui várias vezes na comunidade e esquecer o nome!!! Como
pode? Desculpe aí!
Apresentação Oliveira Roque -
Pergunto ao poeta e escritor Emecê Garcia. O que o levou a ser escritor? Em
qual momento da vida você sentiu necessidade de escrever? Qual escritor te
inspira?
Mauricio
Garcia - Logo tu Bichinha, que conheces além da minha
palma o meu coração! Bom, o que me levou a ser escritor, a princípio foi o
exílio da minha terra natal (Natal) e dos meus familiares, das praias, do sítio
e tudo mais. O momento em que me levou a escrever foi quando senti o peso da
solidão, dentro de um quarto de apartamento quando morava em São Paulo. São
vários escritores e poetas que me fizeram meus pais poéticos: Como poeta Carlos
Drummond, João Cabral de Melo Neto; como escritores Machado de Assis, Guimarães
Rosa e tantos outros.
Apresentação Oliveira Roque -
Outra pergunta poeta Emecê Garcia. A pessoa nasce poeta ou se faz poeta
aprimorando-se nas leituras literárias e cotidianas?
Mauricio Garcia - Sim,
há duas vertentes de poeta. Os natos por influência dos pais e os que se
encontram através das leituras ou da necessidade de exprimir os seus
sentimentos.
Apresentação Oliveira Roque -
Emecê Garcia. Sou leitora de suas obras. Observo nelas inseridas a presença
feminina. Pergunto: O que te leva a este contexto literário? Afinidades?
Curiosidades? Observação da figura feminina?
Mauricio Garcia -
Eita, lá vem ela de novo! Bom, a princípio, todos nós viemos de uma mulher e
não há outra maneira de vim ao mundo. No entanto, eu nasci na casa das sete mulheres:
minha mãe e seis irmãs e, certamente, és a razão da presença feminina nas
minhas obras. Pelo que se sabe todo poeta romântico canta a enaltecer a sua
musa, então eis a razão!
Apresentação Oliveira Roque -
Poeta Emecê Garcia. Você escreve contos, crônicas, poesias.... Pergunto: desde
quando, em qual ano de sua vida literária surgiu a literatura de cordel tão bem
apreciada por nós nordestinos. E se essa literatura transcende o Nordeste?
Mauricio Garcia - É
isso, o cordel surgiu num processo da maturidade poética, quando eu deixei a
vaidade de ser poeta pela humildade da técnica do cordel, que surgiu em 2007,
como febre em Natal, quando surgiu Antonio Francisco, o qual me inspirou a esse
estilo e que hoje e sempre o Nordeste sempre bebeu dessa fonte que exporta para
o sul do país e para o resto do planeta.
Apresentação Oliveira Roque -
Poeta Emecê Garcia. Como já citei anteriormente sou sua leitora. Conheço bem
suas obras e tenho as minhas preferidas: Como os cordéis "Um cacho de flor
da vida " e "Cantilena pela paz" como autor você tem preferência
por alguns de seus trabalhos literários?
Mauricio Garcia -
Como toda mãe, eu sinto que gerei e tirei das minhas entranhas um ser, o meu
primeiro filho poético o DENDROCLASTA. Eis aqui umas das preferências minha
entre tantos filhos já gerados, hoje em número de 14. Mas gosto também do livro
CONTOS FEMININOS porque dele saíram vários cordéis, ou seja, alguns netinhos
poéticos. Pode?
Clécia Santos -
Passando para parabenizar meu amigo poeta Mauricio Garcia!
Merecidamente escolhido! Amigo gostaria de saber a quanto tempo de poesia
escreves?
Mauricio Garcia - Olá,
amiga! Obrigado! O meu primeiro livro de poesia foi lançado em 1988, em São
Paulo, intitulado DENDROCLASTA, então faz em junho, dia 18, exatamente, 29 anos
de poeta.
Mauricio Garcia -
Olá Dalberto, obrigado por seu interesse em querer conhecer o meu trabalho.
Assim sendo, podes visitar meus blogs: www.essenciasemparadoxo.blogspot.com ou
recanto das letras em autores: Emecê garcia.
Mauricio Garcia -
Olá, amiga minha, quanto tempo! A princípio me inspira a escrever no que tange
à verdade das essências da lógica e da ética. E poeticamente no que se refere
às deusas e musas.
Mauricio Garcia -
Sim, justamente a simplicidade do filósofo Sócrates enquanto homem e humano
distinto de um uma sabedoria elevada e transcendental.
Deth Poetisa Dos Ventos Haak -
Poesia caráter do que emociona toca a sensibilidade sugere emoções por meio da
linguagem . Qual a diferença entre Poesia e o Poema?
Mauricio
Garcia - Deth, amiga minha! Posso definir a
distinção dessas a partir das minhas vivências poéticas e mesmo assim, a
complexidade continuará. No início eu entendia poesia como sendo a forma, o
tamanho, ou seja, o verso. Um simples verso é poesia. Mas temos o terceto, o
quarteto, etc. Hoje para mim, poesia é toda forma de expressão de sentimento,
pois há poesia numa prosa, no conto, numa crônica e num romance (Iracema, por
exemplo). Portanto, o poema é uma Odisseia, uma Ilíada, um lusíada repleto de
poesia. É isso.
Deth Poetisa Dos Ventos Haak - Poeta
vc acredita que quanto maiiiis se ler melhor se escreve? Digitar aqui e uma
obra.
Mauricio Garcia - Certamente
a leitura não só nos leva a escrever melhor como também nos motiva, nos
inspira; há pessoa que quase não ler e quer escrever, mas vai haver um momento
que essa necessidade vai lhe exigir, para assim, se sentir mais produtivo e
criativo.
Mauricio
Garcia - Muito pertinente essa sua pergunta.
Houve um período que escrevia em torno de 10 poemas por dia, isso eu interpreto
hoje como sendo uma fuga; eu morava em São Paul, aí, voltei para Natal e
continuei escrevendo na mesma intensidade. Vinte e sete anos após matei os
exílios e talvez os vazios, as lacunas e estou me sentindo não órfão da poesia,
mas mais cuidadoso com ela e até reclamo comigo mesmo por não mais escrever
tanto.
Erilva Leite -
Quem é Mauricio Garcia,
enquanto não escreve? O que te fascina e o que te deixa irritado? (minha
admiração por seu trabalho!).
Mauricio Garcia -
Poxa, que maravilha! Obrigado! Bom, não sou diferente de outros mortais, tenho
meus defeitos e minhas virtudes, assim sendo, enquanto não escrevo penso!
Quando escrevo penso mais ainda movido pela Trans-Inspiração. Alimento-me de
uma consciência que não procuro me irritar em todos os aspectos, e o que me
fascina é a paz, a liberdade e a vida enquanto poeta! Isso sim, salva, liberta
e cria.
Claudio Wagner da Silva -
Mauricio Garcia na sua linha do tempo poética você acredita que faz uma poesia
mais madura hoje ou poesia não precisa de maturação?
Mauricio
Garcia - Olá Cláudio, que bom está aqui. Rapaz,
no início eu só queria escrever, não me preocupava com maturidade, mas o tempo
vai-nos moldando a refletir a nossa escrita, Drummond diz isso, Mário Quintana
também. Depois que virei cordelista eu senti essa necessidade da poesia não
digo madura, mas com mais responsabilidade técnica. Assim como exige um soneto
ou Hai Kai. A poesia é um estilo e por si só isso é maturidade. Nós que
demoramos a perceber isso.
Mauricio Garcia -
Eu sinto a poesia como essência que liberta o ser, porque a inspiração é
libertação, no entanto, o que se diz dureza em poesia é beleza da arte quando
bem feita, bem sentida, bem criada, bem vivida. Não há trabalho no que se faz
com amor e prazer. É o que sinto quando vivo poesia!
Sóter José - Isso quer dizer que os versos livres não são
maduros e seus autores não são responsáveis?
Mauricio
Garcia - Olá Sóter, não deixei de escrever
versos livres não, continuo a escrevê-los sim, assim mesmo quando aprendi a
técnica da poesia metrificada quando terminei o curso de Letras, o detalhe é
que eu tinha o dever a obrigação enquanto poeta de saber e conhecer e fazer um
soneto em decassílabo ou em versos alexandrino e saber e fazer também que o Hai
Kai tem a sua métrica, como certa vez, disse Mário Quintana a um aprendiz de
poesia que era necessário saber. e acredito que sabes o estilo de Quintana,
Sóter José - O próprio Quintana eternizou-se pelos
poemas-prosa.
a rigidez dos hai-kai, 17 sílabas, 3 versos independentes e uma unidade final,
termina, em português, por limitar o poema em vários aspectos, não acha?
a rigidez dos hai-kai, 17 sílabas, 3 versos independentes e uma unidade final,
termina, em português, por limitar o poema em vários aspectos, não acha?
Mauricio Garcia - Para
uns há limitação para os haikaistas há expansão e infinitude. Também pensava
assim com relação a Literatura de Cordel, mas os que vivem essas técnicas sabem
os valores e poder que é ser poeta nessas linhas. Assim como também sou
admirador da poesia concreta, da poesia visual e poesia livre de Oswald de
Andrade e tantos outros. Tenho livro de poesias nesses estilos.
Sóter José - Parabéns. Debate virtual é democrático:
todos tem espaço para se manifestarem e questionarem suas duvidas, e o objeto
do debate tem como se expressar da sua melhor forma por meio de textos e não de
falas. Gostei.
Eva Guarani-Kaiowá Potiguar -
Garcia, você é o que podemos chamar de "Show Man"! Poucas
pessoas conseguem expressa poesia com Tanta originalidade e ao mesmo tempo,
conciliar diversos gêneros com humor, cultura e popular sensibilidade.
Então, para você, o mais importante, o fluir livre da poesia ou as suas regras na literatura?
Então, para você, o mais importante, o fluir livre da poesia ou as suas regras na literatura?
Mauricio Garcia - Olá,
amiga! Obrigado pela presença nessa virtualidade de universo. Bom, eu navego
por ambas vertentes por ser humano há algumas regras que não tem como quebrar,
mas quanto poeta, a regra poder ser quebrada a qualquer instante, e isso é o
que me faz ser livre poeticamente. Vejo isso apenas como um ensejo de vida que
irá se transmutar a qualquer hora,
Eva Guarani-Kaiowá Potiguar -
Adorei a confirmação de que você também quebra regras, como um pássaro de voo
livre!!
Mauricio Garcia - O
pássaro na minha concepção vive a sua própria regra inata é o que todos
deveríamos fazer, mas as con(in)venções nos ceceiam essa realidade passarinho!
Por isso, somos poetas.
Tonha Mota -
Poeta Emecê como acontece a sua inspiração flui naturalmente? Ou tem uma hora
especial que você sente mais inspiração?
Mauricio Garcia - Olá
Tonha, obrigado! Quanto a minha inspiração ela é muito complexa. Ora acontece a
inspiração junto com a transpiração. Ora a transpiração é pura inspiração; não
tem hora, nem local nem dia, quando quero escrever escrevo, aí pinta a
inspiração.
Gonçalves Júnior -
Boa noite. O ilustre poeta, em "Meus haicais a uma flor", cita
jardim, pássaro, colibri, borboleta, beija-flor, criando belas imagens... Tais
imagens são recorrentes em outros poemas? Qual a importância dos haicais para a
sua obra? É mais difícil fazer cordel ou haicai?
Mauricio
Garcia - Olá, Gonçalves! Obrigado! Sim, sim o
hai kai tem esse poder imagético e gosto muito de escrevê-los, porém não me
considero um haikaista, nem um cordelistas, nem trovador e sim um simples
poeta; procuro dar em meus poemas uma imagem da vida e do mundo que nos cerca;
é assim que os vejo meus poemas. Para mim todos os estilos permeiam a minha
obra: o verso livre, a trova, o poesia concreta e visual. Quanto à dificuldade
se dá quando não se tem o domínio da técnica, assim sendo tanto o cordel,
quanto o hai kai exigem que sejam metrificados.
Mauricio
Garcia - Eu não me prendo a tema, mas percebo que o
social, o filosófico, o político e o cristão permeiam a minha obra com ênfase
ao feminino em contradição ao machismo.
Emecê Garcia explanando sobre suas obras
Parte do público assistindo a explanação
Poetisa e Profa. Apresentação Oliveira
Poeta José de Castro
Poeta Paulo Caldas
Poetisa Fátima Bezerra
Poeta e Fotógrafo Evaldo Silva
Poeta Aldemir Laurentino
Poetisa e Contadora de Histórias Dorinha Timóteo
Poeta Marcos Campos
Poetisa Clécia Santos
Poeta Cláudio Wagner
Poetisa Janaína Leite
Poeta e ator Sandanberg Oliveira
Poetisa Arlete Santos
Parte do Público
Escritor Rubens Azevedo
Público como um todo