“ CURSO DE EXPRESSÃO TEATRAL PARA ATORES” Eis a frase, a qual me levou a fazer inscrição no referido curso, mesmo sabendo que, o que eu tinha de ator era o que todo homem comum possui como ser social quando pai, quando profissional, quando ser versátil que tem de se desdobrar para sua sobrevivência. No entanto, tinha dois livros publicados que, também, não tinha nada a ver com a realidade de ator. No ato da inscrição, preocupava-me com os pré-requisitos, logicamente. Mas, para a minha surpresa: o meu interesse e a minha dedicação exclusiva no decorrer do curso seriam o suficiente para me tornar um aluno recém-ator e, fazer jus ao certificado, juntamente a um grupo seleto de atores que já atuavam no ramo a uma gama de tempo, tais como, Makario, Ana, Genildo, Geraldo, Ricardo, Jorge, Letícia e outros que a minha memória irá guarda na mais latente taciturnidade do meu âmago.
6 de agosto, primeiro dia. Dava-se a abertura do curso e para a minha feliz surpresa, assisto a uma representação de um poema de Oscar Wilde, em que o ator Genildo Mateus através de monólogo me fez vibrar de emoção. Um poema em prosa que trata do narcisismo de uma forma infinita. Em que Narciso, a lenda, em admirar a sua beleza às margens de um lago se apaixona por si mesmo e termina morrendo por um amor inacessível, e o lago, ao ser interpelado pelas Ninfas que sempre vinham contemplá-lo, quando o ver chorar desesperadamente, ele responde que chora, por Narciso ter sumido e não mais ter o espelho dos seus olhos para admirar a sua própria beleza. Um poema-prosa magnificamente fantástico.
A emoção que o poema transmitia-me não estava exatamente naquela concepção cênica criada pelo ator, mas acima de tudo, na coincidência de ter encontrado o poema e a justificativa do mesmo, naquele curso que acabava de entrar. Dentro de meu âmago havia um cálido silêncio que desejava desenfreadamente por aquele mirífico ensejo, que agora eu me deleitava infinitamente de prazer.
No final do curso, 19 de setembro, encontrei-me com “O DISCÍPULO” e me fiz também um Narciso por elogiar-me a mim mesmo em chegar aonde jamais imaginava chegar, a ponto de ver superar ATRIZ... TEZA e ATOR... TURA do árduo ofício de se fazer Teatro.