ESTATÍSTICA DIÁRIA

ADMIRADORES DAS IDEIAS

quarta-feira, 26 de junho de 2013

I LIVRO - DENDROCLASTA - SÃO PAULO, 1988


PRIMEIRO LIVRO, lançado em São Paulo, em 18 de junho de 1988, em versos livres que abordam várias temáticas, mas tem como essência a Ecologia, onde DENDRO significa árvore e OCLASTA destruidor. Um livro com poesias que são construídas num vocábulo erudito e alguns neologismos que, às vezes, é preciso pesquisar o Dicionário, até mesmo para quem é denominado de um bom leitor, pois nunca somos sabidos de tudo!

DENDROCLASTA Nas constantes visitas que faço Ao versátil livro dos homens Em busca da amplidão dos conhecimentos Bem como soluções nas diversas dúvidas Das infinidades de palavras que me deparo Existentes em nossa língua tão rica que é, DENDROCLASTA foi uma delas Que veio como uma luz divina Abrindo e desvendando caminhos de minha verve Dando a origem fundamental Do título dessa minha primeira obra. DENDROCLASTA É o que todos somos muitas vezes Quando na candura de nosso status Damos espaço livre ao progresso Ao cortarmos uma árvore para construção de uma casa mais bonita. MC Garcia



NICLES     
     
Me deste motivo    
Na razão do vazio     
do espaço em branco     
No ensejo do acaso     
Da noite taciturna     
No telefone mudo;     
Da madrugada fria      
Na melancolia dos grilos;     
Da situação passageira     
De não escutar uma canção     
De não ouvir um diálogo.     
Espaço do nada     
Na faculdade sentimental     
Como o todo inanimado     
No coração do poeta     
Em síntese poética     
Do não existir da inspiração.   


 
PERENE E EFÊMERO

Macrocosmo reflete beleza
O amor, no entanto é perene
Gente latente quer amar
Beijos cálidos e adustos em veiga
Sapiência infinita do afã
Emana veemente no latíbulo do coração

Efêmero amor afasia
Jocosidade destrói-se
Prélio chega ao epílogo
Idéias mendazes e prosaicas coagem
Desarraigam o que mananciou no coração.




FLERTE DA EUTIMIA

A eutimia com ausência da babel
Faz surgir alvor cerúleo
Pujante como flerte da natureza
E cerce o rócio rutilante
Dá a psicogênia como um asteísmo
Sem contrição, sem sanha
 Mas pulcro e taciturno
Como inefável.

É o flerte da eutimia
Como mito na vida de um ser.




VITORIOSA

Crisântemo fecundo de meu macrocosmo
Inexplicável mistério das existências
Galgas paulatinamente a eminência do pretérito
Na infinita e sublimidade de teu coração

Racionalizas meu ser em síntese real
Eliminas frenesi em mim e em tantos outros
Perseguição trucidante em cacifos
Como postrídio nítido do sempre
Num luzir crepuscular do ocaso moribundo

Diva melindrosa dos ápices perpétuos
Transcendes todas as hipóteses e teorias
Na razão originária dos pré-adamitas
Perene és em conclusões duvidosas da ciência
Em cúpula dos másculos na utopia

A pujança majoritária te submissa
Mas a sapiência prevalece como tirocínio
Emane, no afã de teu coração
Como um arrulho do abissal aos cachopos
Dependentes diretos e autênticos de ti

Imarcescível é a tua jatância ninfa
Universal como lucina, és vitoriosa
Ao cogitares o vindouro sem titubeares.



ESTE CHÃO

Aonde está a originalidade
Da primeira árvore que nasceu?
Os homens construíram cidades
E ela assim, desapareceu

O Chão que pisamos sem maldade
Ali uma existência padeceu
Que só voltará nas saudades
Da carência de teu filho e do meu

O verde vive em extinção
Com o homem em sua razão
Edificando árvores de concreto

Metrópoles, capitalismo, ambição
Progresso, status, poluição
Será que eles estão corretos?!...




MATERIALISMO

Velocidade do mistério
Tiro na escuridão
Enigma do além.
Gritos do silêncio
Choros do anonimato
Pseudônimos feridos.
Devaneios do nicles
Alimento supersticioso;
Sonho da melancolia
Pesadelo da jocosidade;
Pretérito que nasce
Troglodita do presente;
Vindouro que fenece
Primata do sempre.
Canibais mecanizados
Sorrisos metálicos
Mentes computadorizadas
Corações digitais
Sentimentos sintéticos
Paixões espectrométricas
Amor de andróide
Vidas de títeres.
Antiquado sem tabu
Modernismo arcaico
Plenitude do século XX.
Jovens decrépitos
Mentes incontroláveis;
Homens matérias
Aniquilação da natureza.




SELVA METÁLICA

Raízes de aço, de ferro, de pedra
Montanhas e rochedos metálicos
Mil galhos latentes sem folhas
Árvores ocas, cavernas residenciais
Crescem regadas pelo capital
É fértil o objeto e a matéria
Suas flores e seus frutos.
Homens, mulheres Humanos-maquinários
Conscientes e inocentes DENDROCLASTA.
Rios sólidos e cinzentos se cruzam
Às margens, coqueiros e palmeiras em “T”
Interligadas por teias magnéticas
Com enormes aranhas geradoras
Produzindo dos cachos sua luz
Alimentos das noites metaleiras.
Tubarões não nadam, deslizam
Espécies motorizadas uivam
Alimentadas de um líquido precioso
Originado do petróleo e da cana;
Serpentes elétricas rastejam
Guiadas por duas retas paralelas
Desaparecem em cavernas de saídas opostas,
Alimentam-se de formigas em labuta
Sem nunca saciarem suas fomes:
Comem num ponto, vomitam noutro.
Búfalos energizados com chifres nas costas
Se alimentam como as serpentes.
Formigas atômicas, mosquitos férreos
Trabalham em vulcões para sobreviverem;
Lençóis ébanos suspensos nas selvas
Árvores, rochedos, montanhas ofuscas
Produto dos vulcões implantados.
Baleias metálicas sobrevoam velozes
Camufladas nas selvas e nos negros lençóis
Barulhentas, aterrissam nos sólidos rios.
São feras mecânicas que definem frenesi
Talvez, apenas a um DENDRÓLATRA
Como um oásis silvestre em plena “SELVA METÁLICA”.




FALSO PROTESTO

Um ser vivente
Denominaram de homem
E fez-se esse...
Conspirador do futuro
Arrivista da ilusão
Edificador do fictício
No exemplo explícito
Das decepções de suas obras
Sofrida nas sementes
Que desabrocham à vida,
Materializada na inocência
Com máscara de respirar.
O protesto do hoje
No verde que morre
Foi pago e premeditado
Pela própria minoria ativa
(Apóstolos do Dendroclastismo
Que enganam apenas
O futuro de seus filhos - se tiverem.
Insistem fingindo não vê
A existência dessa vida
Que nunca se quer
Causou mal a ninguém.
Cônscios de seus elogios
Emanado do próprio órgão
Em edificarem metrópoles
E desenvolverem a matéria.)
Mundo das capitais
Mundo dos capitais
Avanço progrededor
Progresso predador
Que faz progredir a dor
Nos corações dos homens
Que são Dendrólatras.




RETRATO DA ILUSÃO

Coração humano inseguro
Veemência do anseio mental
Na obsessão do mais, mais e mais...
Inconsciente das conseqüências
Desvirgina o curioso
Na quebra incessante dos tabus
Fazendo do fictício a dor
Das mais puras realidades.

Erudito é o homem na matéria
Autêntico arauto do nicles
Cientista da ilusão;
Transforma a natureza, o amor
Como aperfeiçoa uma máquina;
Edifica o paraíso teórico    
Terra dos homens fantoches;
Láureas das crianças do amanhã
Vítimas dos explícitos mistérios
Geração de minha semente.

Cenas de emoções conspiradas
No jogo imaginário da verdade;
Corações ludibriados, enganados
Nos encantos táticos da propaganda;
Passatempo das vidas caseiras
Na monotonia constante da televisão.

Ligação do nicles a coisa utópica
Vestígios dolosos da realidade
Na fisionomia do retrato ilusório.


COMO FEDE

Te retrato
No alçar cambaleante
Da ave embriagada
Assisto teu semblante
Majestade da grandeza
Como é linda a tua beleza
Miss eldorado
Do mundo metropolitano.

Teu sangue perdeu a cor
Não era escarlate
De incolor passou a negro
Exalando cheiro ruim
Tuas veias estão entupidas
Necessitas de um médico
Talvez, um ecologista
De uma outra dimensão.

Entro em teu coração
Sem está apaixonado
E vejo e sinto
Que estás com marca-passo
Breve a um ataque.

Quero respirar não consigo
Respiro forçado
Exalas um odor horrível
Meus olhos ardem
Sem fogo, sem fumaça
Micróbios se multiplicam
Sem me contaminar
Hippies imundos
Mendigos sujos
Larápios velozes
Homens femininos
Prostitutas estáticas
Que vingam velozmente
Como o vírus da AIDS.

Latrinas, bojos, mictórios
Em calçadas alienígenas
Expostas ao mau cheiro
Urinas e fezes defecadas.

O teu retrato
É como o beijo
De uma mulher que fuma
Ao beijar esse poeta
Que nunca fumou.

Esquece os teus status
Todos são como a moda
Que só faz a estética
Do corpo e de tua fisionomia
Como uma maquilagem
Estragada pelo tempo
Cuida da tua saúde
Que o teu coração
Anda exalando
Um odor indesejável.




PASPRESENDOURO

Lá longe, lá em meu pretérito
Ouvia o cantar dos pássaros
Dos grilos e das cigarras
O latir do cão de Sr. Babá
O relinchar do burro de Sr. Duda
O mugir das vacas no sítio
De minha tia Biía
O cacarejo das galinhas
E o cantar do galo na madrugada
E mais ainda, pela manhã
No terreiro de minha casa
Com a minha logo cedo
Botando milho pra elas;
Os miados dos gatos de D. Maria da Luz
Durante dias e noites.......
..........................................
Hoje escuto um cantar de um pássaro
Que talvez por desespero
Encontrou um recanto, um lugar qualquer
Que nem mesmo sei
Se canta ou se chora
Lamentando-se por ter deixado
O seu convívio com a natureza
Dor ar livre, do ar puro
Ou mesmo do ar sem poluição;
Ao mesmo tempo escuto
O cantar de uma cigarra
Que logo é interrompido
Pelos barulhos dos automóveis
Muitas vezes não se sabe distinguir
Se são os automóveis
Ou se é mesmo a cigarra
Ou ainda se são os nossos tímpanos
Que sempre ficam a zunir naturalmente.
O cantar dos grilos
São idênticos aos das cigarras
Isso nos barulhos dos veículos
Nas ruas movimentadas.
Mesmo que eu escute
O cantar de um bem-te-vi
Todas as manhãs na minha intuição
Ou sobre uma antena de televisão
Ao lado do prédio que moro
Não consigo viver meu pretérito
Mas relembro o cantar de um deles
Na mangueira espada ou rosa
Ou mesmo ainda no pé de pitombeira
Atrás de minha casa
Minha terra natal, NATAL
Vivo naturalmente e sem interrupção
Meus momentos anteriores  de meu sítio
Só quando assim chega a noite;
As estrelas são as mesmas
E continuam no mesmo lugar
Pelo menos elas, eles não conseguiram mudar;
A lua com o seu mesmo encanto
Linda, sempre linda, linda, linda...
Levanto-me durante as noites
Para apreciar e sentir a emoção
Que sempre e sempre vou sentir.
A sua brisa cheia  e singela
Entra em meu quarto e me acorda
Convidando-me para acompanhar
Seus passos lentos e taciturnos
Com destino ao aconchego que é seu....
...............................................................
O que ouvirei  em meu vindouro?
Será que irei ouvir os pássaros?
Livres, libertos e tranquilos?
Ou só ouvirei loucos barulhos dos homens
Sons artificiais, máquinas de ferro
E outras coisas mais?
E onde que estão os meios naturais?.....




S. O. S.  MUNDO

É... nem bem cheguei e aqui sozinha estou
Vendo os homens não mais semearem amor
Desligados do mundo com suas mentes incertas
Destruindo animais, rios, campos, florestas
Com uma demência cega conhecida por ambição
Ferindo a minha vida sem medida do coração.

Ainda sou tão pequena conhecida por inocente
Como viver esse mundo para aprender ser gente?
Compartilhando de tudo que existe de errado?
Graças a Deus que ainda não sei o que é pecado
Sei que aqui represento o sinal de todo futuro
Porque  sou paz, amor e o fruto mais puro.

Chega de alerta, chega de cartaz
Chega de bandeira branca
Que o mundo não entende mais
Vamos erguer uma criança
Para ver se a humanidade
Entende a verdadeira paz
Vamos levá-la ao ápice  da terra
Para que o mundo afogado em guerra
Veja e sinta no azul desse infinito
O desespero de uma criança num grito
Chorando a paz a todo segundo
Pedindo aos homens S. O. S. MUNDO.




O GRITO

Estão vendo aquela área deserta
Bem ali existia uma floresta
Mas um bicho sem sede, sem fome
O tal que chamamos de homem
Com a sua inteligência destruiu
E o grito do silêncio ele não ouviu
Ao extinguir o seu próprio ser
O incrível é que ele ainda não vê
Que as alterações na terra e nos animais
São as extinções dos verdes matagais
Alucinado edifica no pensamento
Idéias erradas como fúria dos ventos
Como pessoa mergulhada na fraqueza
Tudo pela busca de riqueza.
Imagino quando seu tempo estiver acabando
E ele não mais estiver se lembrando
Dos erros que à natureza ofendeu
Erros dos quais sempre se elegeu
A sua consciência e o seu coração
Serão os autores daquela destruição.
Moribundo só vai conseguir entender
Ao ver seu próprio filho fenecer
Pela falta de oxigênio. O Paraíso
Na contrição quase perdendo o juízo
Não mais podendo controlar sua calma
Desesperado, preocupado com sua alma
Se lembra quando acabou com a fauna
E em seu interminável momento de loucura
Ele grita. MEU DEUS! MEU DEUS!!!
Será que os meus têm cura???    


BREVE CURRÍCULO

MAURÍCIO CARDOS GARCIA, potiguar nascido em 19 de junho de 1961. Poeta por  ausência. MENSÃO HONROSA e DESTAQUE em Concurso Nacional de Poesia em 1987; 3º lugar no CONCURSO DE POESIA JL (Jornal da Liberdade, SP), também em 87. Engajado na faculdade dos seres racionais desvenda paulatinamente o porquê de ser poeta.

Reedifico o pretérito
Nas máculas dos esquecimentos
Deixadas pelos dendroclastas
Na forma simples de redigir
No ensejo de minha verve.


MC GARCIA   

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